Hoje comemoramos o aniversário de 50 anos do Programa Nacional de Imunizações, o PNI.
O PNI é o responsável por centralizar e coordenar tudo que diz respeito à vacinação no Brasil: compra e distribuição dos imunizantes para a rede pública de saúde, incorporação das vacinas nos calendários, logística de conservação das vacinas, distribuição de insumos para as aplicações, etc.
Além disso, o PNI concentra a importante missão de coordenar as campanhas de vacinação no Brasil.
As campanhas de vacinação criaram ao longo dos anos uma forte identificação com a população e com as crianças, principalmente por meio do mascote Zé Gotinha. Elas foram determinantes para o controle de doenças no Brasil, a partir do final dos anos 80.
História do PNI
Há 50 anos, no dia 18 de setembro de 1973, foram definidas as diretrizes para a criação do Programa Nacional de Imunizações, o PNI. Até então, a vacinação nos estados e municípios era descentralizada, o que refletia na baixa adesão à vacinação.
Hoje, meio século depois, comemoramos a criação de um dos maiores programas de vacinação pública do mundo.
“A administração da vacina sempre foi responsabilidade do município, mas nunca isoladamente, sempre houve participação do estado, como gestor, e do governo federal. E aí, quando houve a centralização, a coisa engrenou de vez”, afirma o pediatra Gabriel Oselka, médico do corpo clínico da CEDIPI, professor emérito da USP e membro da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Ele também fez parte do CTAI (Comitê Técnico de Assessoramento de Imunizações do Ministério da Saúde).
De acordo com o Dr. Gabriel, o sucesso que levou o PNI a se tornar referência mundial em imunização está no fato de que a qualidade dos profissionais e a do programa como um todo apresentaram uma forte resistência até mesmo às mudanças de governo.
“Apesar das mudanças na Presidência, dos ministros [da Saúde], de pensamento e talvez até de linha ideológica, o fato é que o programa persistiu. E persistiu porque quem esteve lá desde a sua criação, as pessoas responsáveis por gestar esse programa, os que eu chamo de persistentes do programa, durante décadas conseguiram segurar o PNI, e isso se reflete também na população”, afirma.
Os desafios do PNI
Nos últimos anos, porém, a adesão da população às vacinas previstas no PNI vem caindo.
Há quatro anos que o Brasil não atinge a meta de vacinação determinada pelo Ministério da Saúde, que varia de 90% a 95%.
A baixa vai desde a campanha anual contra a Influenza (o vírus da gripe), que não alcançou 70% do público-alvo neste ano, até doenças que ameaçam retornar ao Brasil, como a própria poliomielite.
Como explica a Dra. Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o atual cenário também é reflexo da perda de percepção de risco para determinadas doenças: “À medida que a população vai sendo vacinada, as pessoas não vêem as doenças circulando mais e a percepção de risco vai lá pra baixo. Pessoas jovens pararam de temer as doenças e começaram a temer efeitos adversos das vacinas, que apresentam riscos disparadamente menores. Tivemos, ainda, um posicionamento do governo federal contrário às vacinas no lugar do estímulo, potencializando esse medo.”
Uma esperança para o futuro
Mesmo em um cenário desafiador como o que se encontra a vacinação no Brasil, Dra. Mônica tem uma boa expectativa acerca da vacinação no Brasil nos próximos meses: “Acho que ainda não está tudo resolvido, não é de uma hora para outra que tudo vai melhorar, porém acredito que existe intenção e boa vontade do governo. A perspectiva para 2024 é positiva e acreditamos que ao longo dos anos a situação da vacinação no Brasil progrida, a exemplo do que foi no passado”.
Com informações do Jornal Folha de S. Paulo, UOL e o Globo.